Grande pequena

Os últimos serão os primeiros
A mudar dias cinzas
Como indomáveis desbravadores
De um mundo contemporâneo
Clareando a visão antes turva
Com a curva de um sorriso

Começamos a ver o outro
Com a mais pura compaixão
E a redescobrir o mundo
Com curiosidade de criança
Que quer aprender sobre a vida
Enquanto a faz colorida

Com tonalidades geniais
De cor de carinho romantista
Com tinta de felicidade cubista
Pincéis de abraço impressionista
Na simplicidade de ser surrealista
Um pequeno aprendiz de artista

Com suas obras de arte
Questionando todas as partes
Sobre Deus e a vida em Marte
Como verdadeiros professores
Precursores da realidade
Porque sabedoria não tem idade

Sede

Aquilo que arde, queima, incendeia
Incandeia labaredas de sentidos
Aguça minha boca e a libido
Provoca delírios e suspiros
Até mesmo nos adormecidos
Que, por desídia, esqueceram

A loucura de ousar
Apimentar o simples ato de jantar
Só pra provocar e elevar
A temperatura, volume e pressão
Até mesmo dos acomodados
Que preferem a monotonia

Numa rotina sufocante
Como se o previsível e constante
Fosse seguro e não insano
Porque o controle é inimigo do desejo
Diante da vida que pede um beijo
Coragem, ternura e tesão

Pelo que ainda há por vir
Descobrir que é melhor ter sede
De viver, de amar e se dar
Se afogar no mar
Pra receber em retribuição
Um sorriso em forma de benção

Autêntica flor

Preciso sair
Tenho a chave e o mundo nas mãos
Não há muros a me prender
São tantos medos
Que eu nem sei contar
Só digo em silêncio pra poder voltar

Pra você, que assim como eu,
Vive num labirinto
Entre fantasmas e armadilhas,
Lutando pra encontrar a saída
Num emaranhado de indecisão
Vivendo sem correntes numa prisão 

Construída sem pé nem cabeça
Por uma sociedade padrão
Especialista em congelar emoção
Normalizar sentidos
Cronometrando a vida no relógio
Que marca o tempo do óbvio

Preciso sair
Tenho coragem e um sonho nas mãos
Nada pode me deter
Não há mais medo
Agora que aprendi a contar
Gritar pro mundo pra poder voltar

Pra mim, que sei viver
Em meio ao caos

Inspirando paz

Exalando amor 

Crescendo raízes de fé 

Até um dia, renascer flor 

Um dia no parque

A gente sonha desde criança
Em morar num parque de diversões
Andar de montanha russa
Até decorar cada curva
Viver num looping de êxtase
Crescer sem passar de fase

E sorrir infinito
Gargalhar até doer os lábios
Numa felicidade com calor do sol
E frio na barriga
Como subida de roda gigante
Num frenesi instigante

E lá do alto, perceber
Que tamanho não faz diferença
Só a intensidade importa
Entender que viver 
É superar limites e expectativas
Cientes de que a verdade é relativa

Então, aprender a pular de abismos
Fingindo ser bungee jump
Acreditando em personagens
Pra esquecer que a euforia
Dura apenas um dia
E é hora de voltar pra casa

Virtual

Sou seu fã
Daqueles insanos
Que decifram detalhes subliminares
Na tentativa de conexão
Diante da expectativa de que um dia
Os pensamentos ganhem ousadia

Sigo buscando você
Na imensidão de vestígios virtuais
Para também ser visto
Por dentro de fotos perfeitas
E poesias líquidas sobre liberdade
Num esconderijo de meias verdades

Sinto-me à deriva
Num mar de pessoas
Que priorizam lindos avatares
Em detrimento do invisível
Que permanece sem sentido
Por sentimentos contidos

É por tamanho discernimento
Que prometo parar de te seguir
E seguir
Em frente, de frente
Enfrentando o fato de estar só
Nessa realidade de felicidade em pó

Música

Você me dá coragem
Arrepios em escala maior
Calor em notas sutis
Avalanche de acordes
Entre tons de lembranças
E ventos de esperança

Que sopram sons do passado
Presente em nossos dias
Em que dançamos ao luar
À luz de sonhos interrompidos
Entre silêncios incapazes de calar
Sentimentos que teimam em ressoar

Sua música toca a pele e a alma
Emite ondas de energia cósmica
De um universo paralelo
Em que um dó não é menor
Bem maior que as barreiras do castelo
E faz do dia branco, sol amarelo

Devaneio, loucura real
Realidade, devaneio louco
Suas notas em mim
Eu, dona da sua cabeça,
Onde incertezas bebem versos
Revelando a vida em seu anverso

Astral

Você é universo
Estrelas traçam destinos
Mapeando seu céu
Enquanto segue girando
Inconsciente do poder
Que habita em seu ser

E quando os astros se alinham
Um minuto traz outro caminho
Outro som, outra cor
E a mágica acontece
Beleza da vida
Brilho que vibra

Mesmo que seja cometa
Numa fração de segundos
A constelação lhe concede um desejo
Mas faz um pedido
Pra que não deixe de iluminar
Pois sua missão é impactar

Não viemos a passeio 
Cada planeta, vida
Cada pessoa, gota 
Cada volta em si, dia
Cada volta ao sol, ano
Juntos somos galáxias e oceanos

Então apenas não pare
Siga
Vá
Tente
Energize-se
Seja luz

Renascimento

Queremos viver livremente
ser nós mesmos
que nos entendam
seguir evoluindo
experimentar o mundo
quem vier junto

Desejamos nunca perder o tesão
viver com emoção
velocidade e mansidão
paz no coração
estar acima do desejo
risos, abraços e beijos

Gostamos de pôr do sol
silêncio das estrelas
dançar a música 
partilhar momentos
sorrir sem motivo
sentir que estamos vivos

Precisamos de carinho
escolher o caminho
companhia que compartilha
dias de chuva pra refletir
se alegrar com o calor do sol
entender que não vivemos sós

Mas tudo só faz sentido
sem rotina e com loucura
com amigos que orientem
mas que permitem desvios
com muito amor próprio
sempre com amor ao próximo