quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Se jogar é preciso

Texto de 29/09/2011

Buscamos sempre certeza e segurança, que pode ser entendida como a garantia de que nossas expectativas serão atendidas para então podermos desfrutar da tão sonhada paz. Mas como é possível ter essa suposta situação pacífica se estamos lutando por algo? É um paradoxo! Entramos em guerra com nossos sentimentos e buscamos o controle dos fatos, ao contrário de buscar encarar a realidade tentando encontrar a melhor forma de agir diante de cada circunstância.
Aparentemente óbvio! Altamente repetitivo! Mas raramente praticado. Sabemos o que é correto sem que ninguém nos diga, mas parece que somente quando somos relembrados é que paramos pra pensar. A consciência fica adormecida, entorpecida pela loucura diária, atordoada pela verdade imaginária.
Cada vez mais se distancia da serenidade em prol da busca da felicidade, porém sem a primeira, jamais se alcança a segunda. Daí se conclui que esse caminho não só está equivocado como também nos levará pra mais distante do destino almejado. E pior, quando se chega ao fim da linha, somos capazes de culpar tudo e todos pela nossa frustração sem reconhecer que somos a consequência das nossas escolhas.
Somos responsáveis por nossas preocupações, sofrimentos e angústias. Nós as criamos e as alimentamos. Ninguém é capaz de fazer isso com você, exceto com sua permissão. Claro que isso não nos exime de passar por provações, obstáculos e decepções, pois as pessoas não foram idealizadas para atender nossas vontades e nem os fatos projetados para realizar nossos desejos. Mas o que muda nosso mundo é como reagimos aos fatos, já que o problema quase sempre está na interpretação que damos e que nos faz crer que somos vítimas de um mundo cruel.
Além disso, cabe a nós mudarmos para reconhecermos que muitas vezes estamos errados. Isso não nos torna pior do que o “dono da razão”, pelo contrário, traz auto-conhecimento através do exercício da humildade. A proteção de acusar o próximo reflete a ignorância e soberba dos que não admitem suas próprias e mortais falhas. A cada vez que admitimos nossa parcela de dolo ou culpa diante dos fatos, abrimos o coração para ver além da versão egoísta da verdade.
Afinal, como disse Nietzsche, a verdade nada mais é do que uma opinião. Assim, para obter paz, esqueça a segurança e se jogue, não no sentido de mergulhar de cabeça sem medir os efeitos deste ato, mas na intenção de viver sem projetar espectativas, pois elas não servem pra nada além de gerar frustrações. Viva intensamente o momento, focando suas ações nos objetivos e prepare-se para o incerto e inesperado, pois assim é o futuro de todos nós.